Marcado pela indiferença e o desafeto
Conheci o abandono quando ainda feto
Ver mamãe definhando
Dia e noite, noite e dia
Vida tomada de revolta e agonia
Só chão, sem parede, sem teto, sem pão
Me acostumei a conviver com o não
Sem amigos, sem esperança, sem crença
Entre o certo e o errado não via diferença
Bati carteira, celular, bolsa e cordão
Bati, apanhei, chorei, errei em vão
Certa vez me disseram
Que havia um Deus que me guardava
E por Ele, dia e noite eu aguardava
Também me falaram que ele
Residia em algum lugar
Procurei, encontrei e de seu quintal
Fiz meu novo lar
Bati carteira, celular, bolsa e cordão
Bati, apanhei, chorei, errei em vão
E numa noite como as outras que o frio consome
Fui batizado pela lei do homem
Mais ódio, mais medo e dor
Nasci gente e morro cão
Sinto pesar em meu corpo
O braço da escuridão
Me acostumei a conviver com o não
Sem amigos, sem esperança, sem crença
Entre o certo e o errado não via diferença
Bati carteira, celular, bolsa e cordão
Bati, apanhei, chorei, errei em vão
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